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|| Longevidade: preservar saúde e vitalidade ||

O que podemos fazer para viver mais, mas sobretudo viver melhor, preservando saúde e vitalidade na velhice? Os aspetos básicos de uma vida saudável são os pilares da longevidade, mas os avanços científicos das últimas décadas apontam caminhos e escolhas que vão para além do simples “alimentação saudável, exercício e sono”. A ciência da longevidade tem demonstrado que práticas ancestrais de restrição (jejum, banhos frios, pranayama) melhoram a resposta imunológica ajudam a prevenir as “doenças da velhice” e prolongar os anos de vida com saúde. Mas a ciência tem ido mais além, com substâncias que promovem o rejuvesnescimento celular. Estamos hoje num momento da história em que legitimamente podemos admitir uma hipótese simultaneamente fabulosa e inquietante: e se o envelhecimento for uma doença tratável e não um processo inevitável definido por limites físicos inultrapassáveis? 
 
Ao longo dos últimos séculos, a esperança média de vida aumentou de forma dramática a nível global, graças a vacinas, saneamento, antibióticos e maior disponibilidade de alimentos. Contudo, a idade máxima dos seres humanos não se alterou, havendo registos de pessoas com 120 anos desde que temos registos arqueológicos. Pelo contrário, temos cada vez mais “centenários”, mas eventualmente  o limite máximo de 120 anos até esteja a reduzir devido a poluição, stress e os problemas da vida moderna.
 
Mas a preservação da saúde e bem-estar na velhice não tem acompanhado o aumento dos anos de vida ao mesmo ritmo. Os 4 “cavaleiros do apocalipse” da velhice (diabetes, doenças cardio vasculares, cancro e doenças neurodegenerativas) e outras debilidades (artitre, incontinência, dificuldades de visão…) continuam a retirar a vitalidade, saúde e alegria de viver nas últimas décadas de vida. A ciência médica tem conseguido de forma notável prolongar os anos de velhice e tratar estas doenças, mas já depois delas se manifestarem.
 
Temos tratado o envelhecimento como um processo inexorável e focado em tratar as doenças físicas e mentais que lhe estão associadas – os sintomas da velhice e não o processo de deterioração física e mental. 
 
A possibilidade de, nos próximos 20-30 anos, surgirem tratamentos que prolonguem o horizonte de vida saudável coloca questões sociais e pessoais chave. Independentemente dessas considerações, o que podemos fazer para favorecer esta extensão da longevidade, com saúde física e mental?
 
O limite máximo da vida humana é um conceito diferente da esperança média de vida. Ao longo dos últimos séculos, temos assistido a um aumento dramático da esperança média de vida, graças sobretudo a uma redução brutal da mortalidade infantil (resultado de vacinação e melhores condições alimentares), redução de mortes “violentas” provocadas por guerras, pragas ou fome e desenvolvimentos da medicina para tratar doenças associadas ao envelhecimento. Isto permitiu reduzir as mortes prematuras durante a infância, aumentando assim a média, e estender o horizonte de vida a que a maioria das pessoas pode aspirar. Dessa forma, a esperança média de vida aumentou dos 30-40 anos para c. 80 anos nos países desenvolvidos.
Contudo, o limite máximo da vida humana não tem alterado muito. Desde que há registos históricos, encontra-se referência a pessoas a viver até próximo dos 120 anos.
 
Porque não vivemos para sempre?
O processo que conduziu a todas as formas de vida na Terra - a Evolução Darwiniana - está interessado na reprodução e não na longevidade. A vida é uma questão de genes e de ambiente, e o ambiente (acidentes, predadores e doenças) é o que mata a maioria das criaturas. Na lotaria da vida, as mutações genéticas que trazem vantagens durante um período de vida mais longo não terão um desempenho particularmente bom, porque provavelmente será morto pelo ambiente antes de poder beneficiar dessas vantagens. Os genes que oferecem uma juventude fértil e bem-sucedida são vencedores, porque se propagam para os descendentes antes que predadores ou doenças os matem.
 
Telómeros e epigenoma: o que falha na preservação da “juventude” celular
Elizabeth Blackburn recebeu o prémio Nobel pela descoberta dos telómeros e o seu impacto no processo de envelhecimento genético, sintetizado no livro “The Telomere Effect” (referenciado nas Notas deste episódio). 
 
O nome Telómero é derivado do grego e significa "parte final”: as extremidades dos cromossomas. São partes do ADN repetitivas e não codificantes, ou seja, que não têm nenhuma função relevante de codificação de proteínas, mas servem para proteger o material genético do cromossoma e evitar distorções nas partes “centrais” do ADN. Contudo, à medida que as células se dividem para multiplicar e regenerar os tecidos e órgãos do corpo, o comprimento dos telómeros vai reduzindo. Este encurtamento dos telómeros tem um papel central no envelhecimento, na medida em que as células deixam de ter capacidade de se reproduzir (senescência celular) ou degeneram em células cancerígenas com informação deturpada. 
 
O genoma humano (ou seja, a longa cadeia de ADN organizada em 23 pares de cromossomas) é toda a nossa informação genética. Este genoma está presente no núcleo de todas as células do corpo. Ou seja, cada célula contém toda a informação genética, igual a todas as outras células. A diferença entre uma célula da pele e uma célula do pulmão ou do cérebro é quais os genes que estão ativados ou desativados – e esse controlo é feito pelo epigenoma. Ou seja, o genoma é o hard drive onde está armazenada a informação, enquanto o epigenoma é o software para ler essa informação e que vai diferenciar as células “primordiais” (estaminais), tornando-as células do rim ou do olho. Esta repetição da mesma informação em todas as nossas células pode parecer ineficiente, e constitui ainda um mistério por desvendar. 
 
O hard drive do genoma é analógico, físico, não tem variações ou erros, permanece com poucos desvios. Mas isso significa que tem pouca flexibilidade. Mas o software do epigenoma é digital, o que permite gerir muito mais complexidade, informações, combinações para criar a imensa diversidade de células do nosso corpo – mas isso cria mais risco de erros, de desvios. São erros no software de uma célula que ao longo do tempo causam erros na divisão celular, ou seja, erros genéticos no ADN das novas células criadas para substituir as antigas. Esses erros podem também explicar porque é que as células perdem a capacidade de se reproduzir e regenerar após se dividir c. 60x (senescência celular) ou degenerar em células cancerígenas. 
São os desvios de codificação não corrigidos que vão fazendo o epigenoma deixar de ser capaz de “gerir” adequadamente esse ADN. Portanto, não há nada fisicamente que force as células a deteriorar-se, simplesmente o epigenoma deixa de ser capaz de ler essa informação adequadamente. Isto levanta a hipótese extraordinária de não haver um limite físico intransponível para a hard drive (o ADN), desde que se vá fazendo o upgrade do software e corrigindo os erros (o epigenoma) – a mesma coisa que reinstalar o Microsoft Windows periodicamente. 
 
Como estimular o mecanismo de reparação celular?
O nosso organismo tem mecanismo de reparação deste software. Perceber esse mecanismo permite tirar conclusões sobre como podemos estimular essa regeneração celular e manter o software atualizado durante mais tempo e assim promover a longevidade.
 
De forma muito simplificada, as células de todos os organismos vivos têm dois estados base, supostamente desenvolvidos pelos primeiros organismos vivos no planeta. Quando os sinais exteriores são de abundância e estabilidade – proteção, conforto, alimento, segurança – as células entram em modo reprodução. Pelo contrário, quando os sinais exteriores são de ameaça ou carência, as células entram em modo de autoproteção e reparação. Em abundância “compensa” mais reproduzir, mesmo que algumas células saiam erradas e morram. Em carência, é preferível não gastar energia a reproduzir e antes dar prioridade a preservar o genoma para o futuro.
 
São bem conhecidos e estabelecidos os estudos científicos feitos em diversos organismos que demonstram que condições de adversidade (sem chegar a extremo que ponha em risco a sobrevivência) aumentam a longevidade. Em particular, a restrição alimentar e temperaturas fora da zona de conforto (sobretudo frio) estimulam os mecanismos de longevidade.
 
Curiosamente, ao longo dos últimos 200 anos os progressos da medicina, redução da fome e das guerras permitiram aumentar a esperança média de vida, mas o estilo de vida confortável e sem privações reduz os mecanismos naturais de longevidade. Ou seja, a vida contemporânea permite aumentar a longevidade média, mas pode estar a afetar os mecanismos naturais de preservar saúde e vitalidade na velhice. 
 
Na verdade, ao longo de toda a evolução humana, o estado natural é de adversidade física, mas serenidade mental. Durante milhares de anos da evolução natural, os seres humanos enfrentaram períodos de stress/perigo físico (ataque animais), adversidade/desconforto (frio ou calor), privação/restrição calórica (fome) – esses períodos de adversidade despoletam os processos de reparação genética. 
 
Por outro lado, ao longo da evolução humana beneficiamos em geral de serenidade mental: o stress de um ataque de tigre durava poucos minutos (para o bem ou para o mal), o trabalho limitava-se a 4-5h por dia para arranjar comida, a ausência de luz artificial forçava horas naturais de sono, e as comunidades pequenas reforçavam o sentido de pertença e enraizamento.
 
Nos últimos 200 anos, invertemos radicalmente estas condições em que o organismo humano se desenvolveu ao longo de milhares de anos. Vivemos em estado quase permanente de stress mental, mas elevado conforto físico. A ausência de adversidade física, a abundância alimentar e conforto, bloqueia os mecanismos de reparação genética cruciais para a longevidade. O stress mental, ansiedade, falta sono, acelera o envelhecimento do cérebro, doenças mentais, depressão, demência, Alzheimer. Ou seja, vivemos em média mais anos, mas com menos condições para preservar a saúde mental e bem-estar físico na velhice.
 
O que fazer?
Apesar de haver ainda muito por descobrir na ciência da longevidade, parece ser cada vez mais verosímil pensar o envelhecimento não como um processo inevitável de deterioração, mas como uma doença – da qual as outras doenças e sinais de envelhecimento (dos cabelos brancos às rugas) são uma consequência. Com base no conhecimento atual, há 4 áreas em que podemos desde já atuar de forma consciente para aumentar o horizonte de vida com saúde física e mental:
I. Começar pelo básico: uma vida saudável
II. Provocar “imitadores” de desconforto e adversidade física
III. Proteger a mente para se manter saudável durante um horizonte de vida mais alargado
IV. Suplementos e tratamentos
 
I. Começar pelo básico: alimentação, exercício, sono e relações sociais
Preservar mobilidade, equilíbrio e agilidade física e mental começa por fazer escolhas difíceis num mundo inundado de tentações. 
  • alimentação saudável, com abundância de legumes e frutas coloridos ricos em antioxidantes, gorduras “boas” em ómega 3 e 6 e proteína, em moderação. Uma dieta “difícil”, baixa em hidratos e gorduras fonte de energia fácil, mais vegetais e proteínas de peixe/carne branca, comida para cérebro com ómega 3 no azeite, salmão, sardinhas e ameijoas
  • caminhar e exercício físico regular. Idealmente caminhar um mínimo de 30 min por dia e pelo menos 5 treinos semanais de 45-60 minutos, misturando treino cardio, força, core, flexibilidade, equilíbrio, coordenação motora e impacto no esqueleto (saltos, socos, desportos de raquete). Precisamos de músculo e esqueleto forte para manter mobilidade e agilidade na velhice.
  • dormir 7 a 9 horas por dia é um elixir da juventude com efeitos abrangentes, afetando memória, criatividade, energia física, apetite…
  • as relações sociais e sentido de pertença a uma comunidade (profissional, familiar, desportiva, social…) é identificado em muitos estudos como um dos fatores base de longevidade e vitalidade
Um dos principais marcadores do envelhecimento é a inflamação crónica. Para a inflamação, não existe uma solução mágica. A resposta é uma vida saudável. Perda de peso (as células de gordura são fonte de substâncias químicas que provocam inflamação), exercício, sono e abstenção de fumo e álcool são os pilares base da longevidade.
 
Mesmo pequenos ajustes para um estilo vida mais saudável permitem mais vitalidade e qualidade de vida na velhice. 
 
II. Desconforto e adversidade física: restrição calórica, frio, respiração controlada
A restrição calórica é há muito tempo reconhecida como um fator de longevidade. Várias experiências sugerem que praticas de jejum ou jejum intermitente podem também despoletar os mecanismos de reparação celular que promovem a longevidade. Ou seja, quando comer pode ser tão importante como quanto comer, permitindo ao corpo períodos alargados de descanso alimentar para deixar de se focar no esforço de digestão e armazenamento para se focar na reparação.  
 
Experiências laboratoriais mostram que a expectativa de vida em vários animais, incluindo ratos e cães, pode estender até 50% com uma dieta com todos os nutrientes necessários (minerais, vitaminas, proteínas…) mas menos calorias.
 
O projeto Biosfera 2 consistiu em recriar um sistema ecológico completamente autónomo para simular condições de sustentabilidade ecológica em estações espaciais. Um grupo de pessoas, animais e plantas isolados numa bolha no deserto durante 2 anos permitiu testar a teoria em humanos que não podiam comer snacks às escondidas. Com uma ingestão diária de 1.750 a 2.100 calorias (menos do que o consumo energético normal), as pessoas neste projeto emagreceram, mas depois de oito meses o peso estabilizou e os seus níveis de energia e vitalidade permaneceram altos com um programa exigente de exercício físico diário. O regime diário no Biosfera 2 pode parecer pouco atrativo: 1kg de vegetais antes das 11h da manhã, treinos rigorosos de de 45 a 60 minutos diários e muitos suplementos, incluindo metformina e rapamicina (falaremos adiante). Os resultados divulgados indicam que os marcadores vitais destes indivíduos mostram um processo de envelhecendo 69% da taxa normal.
 
Exposição a amplitude térmica é outra forma demonstrada de promover os mecanismos naturais de longevidade, em particular o frio, reduzindo a dependência do ar condicionado e estar mais no exterior. Um mergulho nas aguas frias do Atlântico ou passar 30 segundos de água fria no inicio ou final do banho. Passear numa manhã fria de inverno com uma camada a menos de roupa do que seria confortável…
 
Exercícios respiratórios que controlam a disponibilidade de oxigénio e aumentam a capacidade pulmunar. No mundo moderno “respiramos demasiado” como reação a stress ou alergias respiratórias.
 
Curiosamente, estes mecanismos de adversidade são praticas milenares, hoje a ser demonstradas pela ciência como tendo efeitos positivos na resposta imunitária, antioxidantes, autofagia celular e longevidade: as praticas de jejum em quase todas as religiões, a sauna seguida de mergulho frio, ou as praticas de Pranayama (respiração consciente) do Yoga.
 
III. Proteger a Mente para se manter saudável durante um horizonte de vida mais alargado 
Se admitimos a possibilidade de o corpo manter vitalidade por mais anos, temos que preparar a mente para se manter ativa e funcional por mais tempo:
  • Redução de stress e técnicas de meditação mindfulness 
  • Hábitos e rituais que permitam dormir 7-8h por dia, provavelmente dos hábitos  mais importantes para o bem-estar
  • Alimentação rica em “brain foods” com ácidos gordos ricos em ómega 3 e 6
  • Continuamente aprender coisas novas, conceptuais, intelectuais e físicas, mantendo a curiosidade e abertura para noavs experiências
  • Relações sociais e sentido de pertença a uma comunidade, como pilar de um sentido de propósito e pertença a algo maior
IV. Suplementos e Tratamentos 
Apesar de o seu efeito real ainda não estar comprovado em estudos alargados em humanos, há forte evidência científica que sugere que algumas moléculas podem favorecer os processos de reparação celular. Tanto as farmacêuticas tradicionais como empreendedores de biotecnologia estão a investir fortunas em investigação dos mecanismos de longevidade, com muitas áreas promissoras.
 
Evitar ou limpar células “zombie” (Senescência celular)
As células de todos os animais podem reproduzir-se um número limitado de vezes. Para os humanos, esse limite é 40-60 x. Este é o “Limite de Hayflick”. O corpo normalmente descarta essas células senescentes, num processo de autodestruição (apoptose) ou destruídas pelo sistema imune. Mas estes mecanismos de “limpeza” tornam-se menos eficientes com a idade, permitindo que as células senescentes persistam como “zombies” com efeitos negativos nos tecidos onde as células zombies se acumulam: inflamação, danos no ADN, fibrose e problemas na via de sinalização de nutrientes e danos nas mitocôndrias, podendo também estar envolvidas na doença de Alzheimer, diabetes, osteoartrite, osteoporose e diversas doenças oculares…
 
Há já moléculas caracterizadas com efeitos senolíticos promissoras, ou seja, de destruir as células senescentes: dasatinibe, fisetina, navitoclax e quercetina. Todos estimulam a apoptose. Todos eles podem ser tomados por via oral e prolongar a vida dos animais de laboratório. 
 
Em vez de procurar formas de matar células senescentes, outras empresas e investigadores estão a testar tratamentos destinados a manter as células abaixo do Limite de Hayflick, permanecendo com capacidade de se replicarem. Este rejuvenescimento celular está a avançar a passos largos com o uso de células estaminais.
 
Aumentar o processo de autofagia (limpeza) celular prolonga a vida em estudos laboratoriais. Moléculas como a espermidina e ou metformina permitem prolongar a vida em ratinhos de laboratório até 25%.  
 
Promover reparação do epigenoma
Uma molécula designada por sirtuina tornou-se muito promissora há duas décadas. O Porf David Sinclair, co-diretor do Centro de Biologia da Pesquisa do Envelhecimento da Universidade de Harvard, mostrou que estimular a produção de sirtuinas prolonga a vida numa variedade de animais de laboratório. 
 
Uma forma de estimulação é a restrição calórica. O Dr. Sinclair descobriu uma alternativa química: o resveratrol, uma molécula encontrada, entre outros lugares, na casca das uvas vermelhas. O resveratrol, não sendo aprovado como fármaco, é de acesso relativamente simples apesar de apenas aqueles com capacidade de pagar os preços altos destes suplementos.
 
A metformina também é usada sem prescrição. A Federação Americana para a Investigação do Envelhecimento, uma organização sem fins lucrativos, espera iniciar em breve um ensaio clínico de seis anos com 3.000 pessoas para medir os seus efeitos em pessoas dos 65 aos 79 anos de idade. O estudo Targeting Aging with Metformin (tame) verificará se a metformina ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, cancro e declínio cognitivo.
Outra molécula com efeitos promissores a prolongar vida em estudos laboratoriais é NAD+.
 
Mutações genéticas, cancro e senescência
A instabilidade genómica é a acumulação de mutações à medida que as células se reproduzem. Um estudo de 2018 no Wellcome Sanger Institute mostra que numa pessoa de meia idade, as células que revestem o esófago humano têm mutações numa média de 20 genes. 
 
As células possuem mecanismos de vigilância e reparação para corrigir danos no ADN. E, em ultima instância, o limite Hayflick dá às células apenas um determinado número de chances de se reproduzir. Ou seja, há um trade-off… se os mecanismos naturais de prevenir mutações genéticas (como o cancro) fossem relaxadas, as células poderiam continuar a reproduzir-se e rejivenercer-se perpetuamente, mas aumentando assim o risco de perpetuar mutações genéticas, ou seja, mais cancros.
 
Alguns investigadores estão a testar formas de contornar o problema, procurando tratamentos que permitem as células alargarem os seus telómeros e a evitarem o limite de Hayflick, mantendo a capacidade de rejuvenescimento celular. Estas substâncias têm dado resultados preliminares promissores.
 
Taurina
Uma substância que funciona em testes de laboratório é a taurina, um aminoácido amplamente utilizado como suplemento dietético. De acordo com um artigo recente de Parminder Singh, em ratinhos de laboratório a taurina aumenta a expectativa de vida em 10%. Os níveis de taurina diminuem com a idade nos humanos, mas, naqueles que vivem até os 100 anos, os níveis permanecem significativamente mais elevados.
 
Para já: cautela, e focar em fazer as escolhas certas para um estilo de vida saudável
Apesar da evolução acelerada e promissora na ciência da longevidade, o ponto de partida tem que ser fazer as escolhas difíceis para um estilo de vida saudável. Esse deverá ser sempre o ponto de partida para complementar com praticas ou suplementos que podem amplificar a capacidade do organismo manter vitalidade e saúde por mais tempo.
 
Claro que há formas de ajudar pessoas que não conseguem assegurar todos as dimensões de um estilo de vida saudável, compensando alguns dos problemas inerentes a estilos de vida modernos. Mas que não devemos ver como soluções mágicas “em vez” das escolhas saudáveis de alimentação, exercício e sono. 
 
 Ahh, e já agora… o resveratrol é um polifenol que pode ser encontrado principalmente na película das uvas pretas e no vinho tinto… portanto, quando brindamos “saúde”, pode ser mesmo em sentido literal!
20 Novembro 2023