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|| O que é Medicina Osteopática? Em que difere e para que serve? ||

Artigo com a colaboração da Dra Rita Balça Pinheiro
 
Osteopatia: o que é?
A medicina osteopática baseia-se no princípio de que todas as funções e sistemas do corpo estão interligados, procurando tratar o indivíduo como um todo. A Osteopatia é baseada no princípio de que o bem-estar de um indivíduo depende do esqueleto, músculos, ligamentos e tecido conjuntivo funcionarem perfeitamente juntos. Um conceito central na medicina osteopática é que muitas doenças/patologias são causadas ou surgem por consequência de disfunções (alterações que ocorrem na função das estruturas que compõem o corpo humano) no sistema músculo-esquelético, afetando os vários outros sistemas, como o sistema nervoso, sistema circulatório, sistema linfático, sistema digestivo, etc.
 
Para que o corpo se mantenha pleno no seu funcionamento, a estrutura também deve estar livre de restrições ou disfunções. A Osteopatia procura restaurar tanto a estrutura como a função, restabelecer o estado de equilíbrio, sempre que possível sem o uso de medicamentos ou cirurgia. Os Osteopatas usam o toque, a manipulação articular e visceral, o alongamento e diversas técnicas manuais para: 
aumentar a mobilidade das articulações
aliviar a tensão muscular
reduzir a dor
aumentar o aporte de sangue para os tecidos
promover os mecanismos naturais de cura do corpo
eliminar restrições e promover o correto funcionamento das estruturas 
 
O conceito de biotensegridade utilizado na Osteopatia, vem da busca pelo equilíbrio e harmonia de todas as estruturas do corpo, procurando preservar ou repor a integridade das tensões e compressões osteo-articulares, neuro musculotendinosas e/ou viscerais. Encontrando-se as mesmas em equilíbrio, o nosso corpo responde melhor a todos os desafios da vida quotidiana. A intervenção é feita pela terapia manual (com técnicas miofasciais, manipulativas, músculo-energéticas, viscerais, sacrocranianas, etc), atuando no sistema músculo-esquelético com o objetivo de alcançar todo o sistema muscular, articular, fascial, ligamentos, tecido nervoso, vascular, linfático e visceral. A abordagem do indivíduo é global e consiste no tratamento de estruturas músculo-esqueléticas em disfunção que podem encontrar-se comprometidas e, desta forma, ser a causa de sintoma(s) que o paciente apresenta.
 
A Osteopatia procura o alinhamento “correto” (funcional e saudável) das estruturas corporais, foca-se na prevenção e tratamento de compensações e adaptações, atua na prevenção de lesões, atua na dor e sintomas provocados por esforços repetitivos, atua em restrições e disfunções que causam stress mecânico nas articulações e no corpo em geral (incluindo sistema fascial), atua no sistema nervoso, diminui assim a atividade do sistema simpático e devolve tranquilidade para viver no dia à dia... Um músculo/tendão/ligamento sob tensão aumentada (hipertonicidade) pode causar dor, espasticidade, cansaço, stress mecânico e futuras lesões por excesso de carga, compensando em outras estruturas e podendo levar a questões de saúde mais sérias. Por outro lado, a hipotonicidade ou “laxidez” pode ser risco de lesão aumentada, desequilíbrios biomecânicos, desgaste irregular das articulações, entre outras compensações por a estrutura não estar a funcionar e desequilibrar a harmonia do sistema músculo-esquelético. A intervenção de osteopatia visa retomar a funcionalidade dessas estruturas com a melhor qualidade de vida possível. Quanto todas as estruturas desempenham a sua função corretamente, é possível haver equilíbrio/harmonia em todos os sistemas do corpo humano e usufruir de saúde plena. 
 
A Osteopatia não tende a ser uma prática dolorosa para o paciente, existem diversas técnicas, a manipulação é a ferramenta mais conhecida do osteopata e que pode levar a fobia, estranheza e até evitar realizar o tratamento. É importante referir que o que distingue a osteopatia é o seu raciocínio clínico e existem técnicas igualmente eficazes que podem ser utilizadas para além da manipulação. A osteopatia não é um conjunto de técnicas mas uma ciência com uma filosofia própria que se rege pela máxima de permitir ao organismo ativar o seu próprio processo de auto-cura. Após um tratamento, o organismo pode estar até cerca de uma semana nesse processo e é comum as pessoas relatarem que sentiram que após 24 horas se encontram “doridas” como se tivessem treinado arduamente. 
 
No tratamento de osteopatia é possível surgir alguns sons articulares (consequências das manipulações) e técnicas em que o osteopata tem de provocar certos movimentos no corpo do paciente que podem levar a pessoa a ter receio da prática. No entanto, a Osteopatia é segura e o som que é audível nas manipulações está relacionado com a “descoaptação” articular (movimento que ocorre entre as articulações que permite lubrificação das mesmas) e não apresenta risco para a saúde. Em alguns casos, a manipulação não é indicada nem aplicada pelo osteopata, por exemplo, se em avaliação são reunidas as condições em que há contra-indicação. Desta forma, aconselha-se a prática de osteopatia com osteopatas certificados com cédula profissional que façam uma avaliação rigorosa antes de qualquer tratamento.
 
Em que situações está a Osteopatia indicada?
A maioria das pessoas consulta um Osteopata devido a problemas que afetam os músculos, ossos e articulações, como:
dor na região lombar
dor no pescoço/cervical/dores de cabeça
dor no ombro, dor no cotovelo/punho
tendinites no ombro, síndrome do túnel cárpico e outras tendinites relacionadas com a mão e cotovelo (epicondilite)
artrite
desalinhamento, dor e desconforto pélvico, do quadril e membro inferior
ciatalgia (dor ciática)
lesões desportivas ou de repetição (tendinites no geral)
dores musculares e articulares associadas à condução, trabalho ou gravidez
obstipação, desconforto abdominal
dores persistentes (dores que se mantêm e não aliviam com o descanso) e irradiadas (o paciente tem uma dor, sabe o trajeto e consegue descrevê-lo) 
 
Com efeito, a Osteopatia tem vindo a desenvolver diversas áreas de atuação especial, sendo usualmente dividida em: Osteopatia no Desporto; Osteopatia Músculo-Esquelética; Osteopatia Visceral; Osteopatia Sacro-Craniana; Osteopatia na Saúde da Mulher e Gravidez; Osteopatia Pediátrica.
 
Osteopatia no Desporto
A Osteopatia no desporto pode ter uma função fundamental na recuperação de atletas de diferentes modalidades e idades, de modo a regressarem ou manterem-se em pleno uso das suas capacidades físicas e atingirem os melhores resultados. O objetivo da osteopatia no desporto é ajudar os atletas a ultrapassar as suas limitações físicas, causadas pelo natural desgaste da competição física profissional, mantendo a saúde e bem-estar do atleta, ou ajudar na recuperação de lesões. 
 
Osteopatia Músculo-Esquelética 
A Osteopatia Músculo-Esquelética ou mais conhecida como Osteopatia Estrutural é a área da Osteopatia que foca a sua atenção no tratamento dos problemas músculo-esqueléticos, a qual recorre a técnicas de terapia manual com o objetivo de restabelecer a normal função destas estruturas.
 
Osteopatia Visceral
Um tratamento osteopático que visa o tratamento dos seus órgãos internos de forma não invasiva através de uma estimulação manual e sem recurso a medicamentos. Quando ocorre uma restrição na víscera, ela deixa de se mover livremente na sua própria estrutura, influenciando uma outra estrutura anexa.
 
Osteopatia Sacro-Craniana
Abordagem manual, delicada, que visa corrigir alterações do funcionamento do sistema sacro-craniano, essencial na produção, circulação e reabsorção do líquido cefalorraquidiano. Esta abordagem permite fazer a avaliação e a correção de desequilíbrios no sistema sacro-craniano, os quais podem causar disfunções neurológicas, mecânicas, digestivas, posturais e do sistema nervoso central.
 
Osteopatia na Saúde da Mulher e Gravidez
A Osteopatia pode contribuir para corrigir ou aliviar alterações no ciclo menstrual, síndrome pré-menstrual, dores menstruais, alterações decorrentes da menopausa, alterações hormonais, dor/alterações em assoalho pélvico, endometriose, incontinência urinária entre outras. 
 
A Osteopatia pode também ter um papel muito positivo durante e após a gravidez. Durante a gestação o corpo da mulher está sujeito a inúmeras alterações diárias o que para algumas futuras mamãs acarreta bastante desconforto e disfunções. A Osteopatia pode ter um papel importante desde o pré-parto ao pós-parto. O pavimento pélvico é um dos principais intervenientes no nascimento, sendo o responsável pela sustentação dos órgãos pélvicos e do feto durante toda a gravidez. É ainda responsável pela continência e tem um papel fundamental na sexualidade. Muitas vezes uma alteração da tensão do pavimento pélvico pode causar inúmeras disfunções quer musculares, quer viscerais. 
 
No pré-parto a abordagem poderá consistir em exercícios de fortalecimento e alongamentos que melhoram a mobilidade, corrigem a postura e aumentam a consciencialização corporal ou exercícios de relaxamento e respiração que diminuem os níveis de stress e ansiedade. Também se podem realizar exercícios pré-parto para que o pavimento pélvico se prepare para as exigências do parto. 
 
No pós-parto os objetivos são promover a recuperação mais saudável da mamã e o retorno à atividade da vida diária sem alterações.
 
Osteopatia Pediátrica
Uma especialidade da Osteopatia em que o osteopata centra a sua atenção na prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas condições clínicas que afetam bebés, desde recém-nascidos, a crianças, pré-adolescentes e adolescentes. Baseia-se no conhecimento aprofundado da anatomia, fisiologia e biomecânica do corpo do bebé, bem como do seu desenvolvimento sensório-motor.
 
Massoterapia: o que é?
A Massoterapia utiliza várias técnicas com benefícios para o corpo e a mente: alívio de stress e ansiedade, redução da tensão muscular e dor, entre outros. 
 
A massagem pode ser aplicada apenas como relaxamento (alívio de tensão muscular e stress) ou com fins terapêuticos diversos (reabilitação e tratamento de contraturas, torcicolos, outras situações do âmbito do sistema músculo-esquelético). 
 
A massagem desportiva abrange técnicas terapêuticas específicas para o indivíduo mais ativo, utiliza técnicas da massagem e mobilizações para atuar no pós-treino, recuperação muscular e manutenção para o exercício.
 
As técnicas de massagem podem ser um complemento aos tratamentos de Osteopatia. Ambas são terapias manuais que são orientadas para os objetivos e necessidades de quem as procura, a sua complementaridade permite ampliar os benefícios. 
17 Maio 2023