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|| Método e Mindset: Menos Culpa, Mais Resultados! ||

Desenvolver uma relação positiva com o fitness e a alimentação
 
Olá e bem-vindos a Morangos sem Açúcar, uma série sobre corpo, mente e bem-estar – pessoal e do planeta em que vivemos. Este é o blog e podcast da OM Academy & Mind Spa, um espaço de descoberta e bem-estar para o corpo e a mente. 
Quantas vezes já se tentou forçar a seguir um regime de exercício ou uma dieta “infalível”, para invariavelmente desistir ao fim de umas semanas ou meses? É uma ilusão acreditar que conseguimos impor a nós próprios a auto-disciplina necessária para forçar algo que está fundamentalmente contra o que o nosso corpo nos está a dizer, por mera força de vontade. Se se sente num carrossel sucessivo de novas dietas ou regimes de fitness que começa e abandona, é porque está a fazer a coisa errada. Com o ciclo de frustração e perda de auto-estima que daí por vezes decorre.
 
 
Porque falham as dietas e planos de fitness assentes apenas em sacrifício e força de vontade? 
 
O problema base do fitness e alimentação é que a maior parte das vezes, a abordagem assenta em externalidades, ou seja, outros objetivos como emagrecer, adelgaçar ou desenvolver um 6-pack, e não no valor intrínseco do fitness e alimentação saudável. Esta “objetificação” da saúde e bem-estar, distorce a nossa relação com o fitness e a alimentação. Aquilo que devia ser uma relação simples e positiva com algo que nos faz sentir melhor, transforma-se muitas vezes numa obrigação que relutantemente tentamos cumprir. 
 
Como demonstrado em inúmeros estudos de psicologia comportamental, a mente humana é extraordinária a inventar argumentos e desculpas para evitar as obrigações negativas. Não é portanto de admirar que quando a abordagem à alimentação ou fitness é mais uma obrigação que temos que enfiar nos nossos calendários já excessivamente cheios e nas nossas já longas listas de to-dos, a tentação de desistir acabará por se sobrepor… não há força de vontade que resista. 
 
Na carga de pressão e excesso de trabalho, o elo mais fraco e menos “imediato” acaba por ceder. 
 
Por outro lado, a sociedade de consumo moderna coloca à nossa disposição miríades de opções de prazer e satisfação imediata. Pelo contrário, investir tempo e esforço numa alimentação saudável e exercício físico provoca algum desconforto imediato para um potencial ganho futuro – se o ganho em que estamos focados for apenas a perda de peso e um abdominal rasgado, pode demorar muitos meses a lá chegar, com muitas oportunidades para quebrar as regras.
 
 
Alternativa: uma relação positiva e consciente com a comida, wellness e fitness. 
 
A única abordagem que pode verdadeiramente funcionar a longo prazo e conduzir a hábitos sustentáveis e duradouros de exercício e alimentação saudável, é desenvolver uma relação positiva assente no valor intrínseco dessa opção.
 
Isto significa passar do “tenho de ir ao ginásio” para “quero ir ao fly yoga”. 
Isto significa passar do “não posso comer batatas fritas” para “não quero, isso não sou eu”.
 
Não haja dúvidas. Não há soluções fáceis ou imediatas. Se surgisse um comprimido milagroso para queimar gordura e nos tornar a todos deuses gregos, provavelmente deixaria de ter interesse… porque o caminho para uma vida mais equilibrada, saudável e fit é também um caminho de desenvolvimento pessoal. De nos conhecermos melhor, a nós e ao nosso corpo. É possível começar a ver resultados desde cedo, mas em pequenos passos… focar num “número mágico” na balança e querer lá chegar em 4 semanas pode ser o primeiro passo para desistir, ou para um efeito iô-iô depois de lá chegar. 
 
O processo demora tempo e é acima de tudo um caminho de auto-descoberta: 
Que esquema dietético funciona melhor com os meus hábitos de vida? 
Que alimentos funcionam melhor com o meu corpo?
Qual a relação entre certos alimentos e dormir bem?
Que tipo de exercício me faz sentir melhor? 
 
Se nos sentimos miseráveis com uma certa dieta ou plano de exercício, cansados e sem energia, é porque estamos a fazer a coisa errada! E a probabilidade é desistir ao fim de algumas semanas.
 
Somos bombardeados com a necessidade de fazer exercício, como se isso fosse a resposta milagrosa para estilos de vida pouco saudáveis, excesso de trabalho e alimentação desequilibrada. O fitness entrou nas nossas vidas há décadas, e no entanto, quantas pessoas continuam a arrastar-se para os ginásios todos os dias, sem ver resultados materiais na sua saúde e aparência? Na verdade, passar 23 horas por dia à secretária ou no sofá ou na cama e depois tentar “queimar calorias” desesperadamente naqueles 50 ou 60 minutos no ginásio dificilmente vai funcionar. Sim, é melhor do que nada, mas temos que saber incorporar hábitos de movimento, alimentação e descanso de forma mais natural nas nossas vidas.

Com o método certo e o mindset adequado, podemos apreciar o caminho para uma vida mais fit e saudável, e ter orgulho de estarmos a investir no nosso desenvolvimento pessoal. 

Um aspeto central do método é a regularidade do exercício e das opções alimentares. Tanto por questões metabólicas como psicológicas, é preferível manter um regime regular de exercício, alimentação saudável e boas noites de sono, do que tentar “compensar” estilo montanha russa. A nível do exercício, vários estudos académicos demonstram que é preferível fazer 30 minutos de atividade física 6 dias por semana, do que 2 sessões de 1,5 horas. 

Por um lado, o corpo recupera constrói massa muscular para essa normalidade do exercício diário, em vez de ficar desfeito e menor capacidade de recuperação. Isto significa passar regularmente o limite do confortável, mas com espaço de recuperação, em vez de bater na parede e nos sentirmos miseráveis depois de um treino para o qual o corpo não se preparou.  

Por outro lado, psicologicamente é muito mais fácil criar hábitos diários que incorporamos no calendário “sem pensar”, do que ter que esporadicamente ganhar a coragem e ultrapassar a tentação e desistir. Tornar o exercício diário parte daquilo que “eu sou”.

A regularidade dá também mais flexibilidade e espaço para ajustar aquilo que o nosso corpo nos está a dizer. Se um dia nos sentimos em baixo, podemos fazer uma sessão mais suave, com a confiança de que amanhã é um novo dia e estarei com mais energia para um treino mais exigente. Esta capacidade de ouvir o nosso corpo é fundamental para desenvolver uma relação positiva com o fitness e a alimentação.

Pelo contrário, se tenho que me arrastar à força para a academia para cumprir “aquele” treino semanal, o ónus psicológico de um mau treino torna-se maior, aumentando a relação negativa dessa experiência. 

E se falharmos um treino em 6 ou 7, é apenas 15% do treino que está em causa – not a big deal. Mas se falhar 1 treino de 2, é 50% que está em causa, tornando o treino não um prazer diário que posso ajustar de vez em quando, mas uma obrigação cujo falhanço tem enorme peso psicológico.

Do mesmo modo, é uma ilusão acreditar que conseguimos, ao fim de um dia intenso de trabalho e stress, chegar a casa tarde e fazer boas escolhas alimentares. Ninguém é de ferro! A mente tem artimanhas fantásticas para nos convencer que precisa de alguma compensação e satisfação imediata – milhões de anos de evolução em contexto de escassez e luta pela sobrevivência tornou a mente um mecanismo brilhante de busca de prazer e auto-satisfação… “aproveita enquanto podes, antes que venha o inverno ou um animal feroz”. Somos programados para buscar a satisfação imediata e adiar o desconforto. Por isso, é preciso o método e o mindset adequado para habituar a mente a outros comportamentos. 

Se o que está em causa é fazer escolhas conscientes e racionais, devemos programar com antecedência em vez de deixar para um cérebro cansado e com vontades a opção de decidir… 

Para comer de forma consciente e sentir a saciedade, é importante comer de forma “mindful”, ou seja, com atenção. Saborear os alimentos, dar-lhes valor, e comer devagar. Isso não apenas aumenta a satisfação da refeição, como ainda dá tempo a que os mecanismos de saciedade cheguem ao cérebro e nos permitam perceber que podemos parar. 

Comer sentados no sofá a ver uma série de Netflix é um convite a exageros inconscientes seguido de arrependimento.

Claro que isto não significa que não haja esforço e força de vontade. Há sim, e muito! Só que esse caminho de ultrapassar os nossos limites, auto desafio e auto-confiança é feito de conquistas diárias, em passos pequenos e regulares, e não num salto louco que normalmente nos condena ao fracasso, numa montanha-russa de promessas e resoluções seguidos de desistência e fracasso. Um bom coach pode ajudar a ajustar o plano alimentar e o plano de exercícios ao estilo de vida e objetivos de cada pessoa, acompanhando esse caminho de desenvolvimento pessoal. 

20 Março 2023